Tecnologia

WWDC 2025: o que esperar da Apple sob pressão por inovação em IA

A fabricante de iPhones enfrenta queda de 19% nas ações em 2025 e compete diretamente com tecnologias da Microsoft, Alphabet e Nvidia

Apple: com queda de 19% em 2025, empresa enfrenta dificuldades com tecnologias de inteligência artificial.

Apple: com queda de 19% em 2025, empresa enfrenta dificuldades com tecnologias de inteligência artificial.

Estela Marconi
Estela Marconi

Freelancer

Publicado em 9 de junho de 2025 às 06h40.

A Apple vem enfrentando uma crescente pressão do mercado após ficar para trás na corrida pela inteligência artificial. Às vésperas do evento anual de desenvolvedores (WWDC), que acontece nesta segunda-feira, 9, analistas veem a falta de inovações da empresa em IA como um risco "existencial" para o futuro da marca.

A tradicional conferência anual da fabricante não deve apresentar grandes novidades em IA, evidenciando as dificuldades da Apple com a tecnologia e ameaçando uma fraqueza nas ações da empresa, segundo informações da Bloomberg.

As ações da marca caíram 19% neste ano, sendo o maior peso negativo do índice Nasdaq 100, que subiu 3,9%. Apesar de grande parte da queda reflita a exposição da empresa às tarifas impostas por Donald Trump, especialistas analisam que os obstáculos tecnológicos podem ser um grande fator para a inconsistência no mercado.

“É difícil argumentar que a falta de protagonismo da Apple em IA não representa um risco existencial, e seria realmente surpreendente se ela apresentasse algum desenvolvimento ou aplicação significativa em IA na WWDC”, disse Andrew Choi, gestor de portfólio da Parnassus Investments. “Se conseguir projetar um futuro onde integra e 'commoditiza' IA, isso seria convincente, porque, do contrário, o que vai levar as pessoas a comprarem o próximo iPhone por muito mais dinheiro?”

No evento ocorrido em 2024, a empresa lançou o Apple Intelligence, que inicialmente causou otimismo pelos recursos de IA apresentados e incentivariam os consumidores a atualizarem seus iPhones. Entretanto, o lançamento foi adiado indefinidamente, enquanto rivais como Microsoft, Alphabet e Nvidia dispararam em valor impulsionadas, principalmente, por suas apostas em IA.

Mesmo com as dificuldades, a Apple mantém várias características que atraem, como uma grande base de usuários fiéis, seu lucrativo negócio de serviços e uma grande rentabilidade que permite devolver capital aos acionistas por meio de recompra de ações e dividendos, segundo a Bloomberg.

“Espero que os recursos de IA da Apple sejam mais funcionais do que revolucionários, e isso significa que não há nada empolgante na Apple que a torne mais atrativa do que Nvidia, Microsoft ou Amazon, que têm forte crescimento ligado à IA”, disse Mark Bronzo, estrategista-chefe de investimentos da Rye Consulting Group, apesar do atraso da empresa em IA.

“Por outro lado, o fluxo de caixa da Apple e seu negócio de serviços significam que ela pode manter seu P/L mesmo em um cenário de queda. Às vezes, é útil estar em uma ação ‘entediante’ se o mercado estiver andando de lado”, completou.

O que esperar do futuro da Apple?

Com crescimento lento e margem de lucro sob pressão, a Apple enfrenta um cenário cada vez mais desafiador aos olhos do mercado. “A Apple cresce a um ritmo de um dígito, sem muito espaço para expandir suas margens, além de enfrentar riscos com tarifas e exposição à China, enquanto os concorrentes avançam com IA e ela negocia a um preço ”, afirmou Andrew Choi, gestor da Parnassus Investments. “Não há nada de atraente nisso.”

A projeção é que a receita da Apple avance apenas 4% em 2025, bem abaixo dos 14% esperados para a Microsoft e dos 11% para a Alphabet. Embora as ações estejam sendo negociadas a 27 vezes o lucro estimado — abaixo do pico recente de 34 -, o número ainda supera a média da última década, de 21.

Na semana ada, o banco Needham reduziu sua recomendação para os papéis da Apple. Segundo a analista Laura Martin, as inovações em IA generativa de rivais como Microsoft e Google “abrem espaço para novos formatos de hardware que ameaçam os dispositivos com iOS”.

Hoje, menos de 60% dos analistas acompanhados pela Bloomberg recomendam a compra das ações da Apple — o índice mais baixo entre as sete gigantes de tecnologia mais valiosas dos Estados Unidos, que incluem Microsoft, Nvidia, Amazon, Alphabet, Meta e Broadcom.

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