Com algoritmos avaliados em até US$ 200 bilhões e uma base de 170 milhões de usuários nos EUA, o TikTok virou peça central em uma disputa geopolítica entre Washington e Pequim
TikTok: aplicativo pode ser banido nos EUA (CFOTO/Future Publishing/Getty Images)

Publicado em 31 de março de 2025 às 08h40.

Última atualização em 4 de abril de 2025 às 07h49.

Com 170 milhões de usuários apenas nos Estados Unidos e uso diário médio de 51 minutos por pessoa, o TikTok se tornou um ativo estratégico cobiçado por grandes nomes do mercado — entre eles Elon Musk, Larry Ellison, Microsoft e até o maior youtuber do mundo, MrBeast.

Diante da pressão do governo de Donald Trump para limitar a atuação da chinesa ByteDance no país, o aplicativo pode acabar nas mãos de investidores ocidentais. O próprio presidente já confirmou que há "muito interesse" na compra da plataforma e revelou conversas com quatro grupos diferentes sobre uma possível transação.

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Entre as alternativas discutidas, o presidente mencionou uma possível divisão de propriedade em 50% entre "os Estados Unidos" e a ByteDance, sinalizando um caminho mais diplomático do que uma venda direta. Ainda segundo ele, o destino do app deve ser decidido antes do prazo anteriormente definido para 5 de abril.

Por que os EUA querem banir o TikTok?

O governo dos Estados Unidos argumenta que o TikTok representa um risco significativo à segurança nacional. Entre as principais preocupações estão:

Entre os nomes cogitados como compradores do TikTok estão:

Para Fabro Steibel, diretor-executivo do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS-Rio), "o Project Liberty representaria um uso mais social do aplicativo, priorizando a interação entre os usuários e o bem-estar digital".

"O principal entrante seria a Perplexity, concorrente da OpenAI, que busca se posicionar como alternativa tecnológica de destaque", disse ele em entrevista à EXAME em janeiro.

O desafio da ByteDance

Apesar das ofertas, a controladora do TikTok, tem insistido que não planeja vender a plataforma. Além disso, o algoritmo do TikTok, seu principal ativo, pode ser excluído da negociação devido a restrições impostas pelo governo chinês, tornando a venda ainda mais complexa.

Segundo Dan Ives, analista da Wedbush, o valor do TikTok varia consideravelmente dependendo de incluir ou não seu algoritmo. Com o algoritmo, a plataforma pode valer até US$ 200 bilhões; sem ele, a avaliação cai para cerca de US$ 40 bilhões.

A China já sinalizou que bloqueará a venda do algoritmo, tornando uma versão americana do TikTok menos competitiva e isolada globalmente. E os desafios técnicos para operar o TikTok sem seu algoritmo são enormes. Reconstruir o feed "Para Você" seria complexo, especialmente considerando que outras empresas já tentaram replicar essa tecnologia sem sucesso. Especialistas apontam que uma venda forçada pode levar à criação de uma versão exclusiva do aplicativo para os EUA, desconectada do resto do mundo, reduzindo o alcance e a atratividade global da plataforma.

A venda forçada é vista como mais um capítulo na disputa entre os EUA e a China. A ByteDance, proprietária do TikTok, resiste à venda devido à necessidade de aprovação do governo chinês, que não quer abrir mão de sua influência sobre a plataforma. Esse cenário cria incertezas legais e políticas sobre o futuro do aplicativo nos Estados Unidos.

Por outro lado, questões de segurança nacional continuam no centro das discussões. Especialistas em cibersegurança apontam que o governo dos EUA considera o TikTok uma ameaça devido ao potencial o do governo chinês aos dados dos usuários americanos. Mas críticos argumentam que as evidências contra o aplicativo ainda são amplamente teóricas.

O que acontece se o TikTok for banido?

Caso o TikTok tenha que encerrar suas operações nos EUA, as principais beneficiárias devem ser plataformas rivais como o Instagram Reels e o YouTube Shorts. Ambas já disputam a atenção dos usuários com funcionalidades semelhantes de vídeos curtos.

Segundo especialistas em marketing digital, o efeito dominó pode movimentar bilhões em publicidade. "Diversos diretores de marketing já indicaram que devem redirecionar seus investimentos para o Google e a Meta se o TikTok sair do ar", afirmou Kelsey Chickering, analista da Forrester.

Além disso, plataformas como Twitch — popular entre gamers, mas em expansão para outros nichos — e o aplicativo chinês Xiaohongshu (conhecido como RedNote no Ocidente) também devem ganhar tração com o vácuo deixado pelo TikTok.

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