Mesmo com enchentes que pararam a fábrica no RS, empresa manteve vendas em alta e agora acelera plano de expansão com foco em tecnologia e sustentabilidade
Repórter de Negócios Publicado em 28 de março de 2025 às 07h10.
A fabricante alemã Stihl , líder no mercado de ferramentas motorizadas portáteis, enfrentou um dos anos mais desafiadores de sua história no Brasil. Com sede em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, a empresa foi diretamente afetada pelasenchentes que devastaram o estado em 2024. Mesmo assim, fechou o ano com um faturamento de 3,2 bilhões de reais — um recorde que iguala o desempenho de 2022.
A marca, conhecida pelas motosserras, lavadoras e sopradores, opera no país com 3.000 funcionários e mantém centros de distribuição no Rio Grande do Sul, São Paulo e Pará.
Presente em mais de 5.000 pontos de venda no país, a empresa quer ir além neste ano. Vai investir 150 milhões de reais em modernização da fábrica, automação de processos e capacitação da rede de revendedores.
A meta para 2025 é chegar a 4 bilhões de reais em vendas e lançar 20 novos produtos, sendo 18 deles inéditos e com foco em soluções a bateria.
"Seguimos confiantes, em meio a um ano também desafiador que se apresenta", afirma Cláudio Guenther, presidente da Stihl Brasil. "O foco para 2025 será em lançamentos de produtos e na consolidação do e-commerce da marca, lançado no ano ado como uma importante ferramenta para favorecer o selling out dos revendedores."
Além dos lançamentos e da digitalização, a empresa aposta na expansão das lojas físicas e na qualificação dos pontos de venda. O objetivo é melhorar o atendimento e ganhar capilaridade fora dos grandes centros.
Além da fábrica e centro de distribuição no RS, a Stihl opera centros logísticos em Jundiaí (SP) e Benevides (PA). Essa estrutura descentralizada foi essencial para manter o nível de entregas mesmo com gargalos locais.
Já a meta de produção de 2024, prevista antes das chuvas de maio, não foi atingida. Cerca de 400 funcionários da empresa tiveram suas casas invadidas pelas águas e, por semanas, a fábrica operou em ritmo reduzido. Além disso, a sede da companhia chegou a abrigar 140 pessoas da comunidade local.
“O resultado apresentado é fruto de resiliência e trabalho conjunto. O principal ativo da Stihl são as pessoas e, em meio a todos os desafios vivenciados pelos gaúchos em 2024, a empresa prestou e para que seus funcionários pudessem recuperar seus lares, retomassem suas vidas e voltassem com tranquilidade ao trabalho”, afirma Guenther.
A fábrica de São Leopoldo, que emprega 3 mil pessoas, retomou gradualmente a produção no segundo semestre. No início de 2025, já contratou 150 novos funcionários para reforçar a linha de montagem e ampliar a capacidade instalada.
A Stihl atua no Brasil desde 1973 e é hoje a maior operação da marca fora da Alemanha.
O investimento de 150 milhões de reais previsto para 2025 será usado em três frentes principais:
Parte do recurso vai para o programa global One STIHL, que padroniza e integra todos os sistemas operacionais do grupo — um o fundamental para ampliar a eficiência e reduzir retrabalho.
Outro foco será o avanço das metas ESG, que vêm ganhando tração dentro da empresa. As ações incluem redução no uso de embalagens plásticas, corte nas emissões de CO₂ e a meta de baixar em 40% o consumo de combustíveis fósseis até 2030, tomando como base 2019.
“Estamos olhando produtividade, mas com sustentabilidade no centro da operação”, diz Guenther.
Durante a crise climática no Rio Grande do Sul, a Stihl se mobilizou em diversas frentes. Doou mais de 680 equipamentos — entre motosserras, lavadoras, motobombas, geradores e itens de segurança — para prefeituras e órgãos públicos de cidades atingidas como Lajeado, Muçum, Roca Sales e Estrela.
Também atuou na limpeza do Mercado Público de Porto Alegre, com 30 funcionários voluntários e equipamentos de alto desempenho, incluindo geradores que ainda nem haviam sido lançados no mercado. Além disso, criou uma força-tarefa interna para apoiar os funcionários atingidos, limpando casas e promovendo doações.