Allan David Goldberg, Fabio Innocente e Gabriel Shammah, fundadores da Graviola
Repórter
Publicado em 20 de março de 2025 às 07h00.
Última atualização em 20 de março de 2025 às 09h13.
No Brasil, o setor de agronegócio tem sido cada vez mais movimentado por foodtechs que buscam resolver os desafios da cadeia de alimentos saudáveis. Enquanto Food To Save, Raízs e Liv Up alcançam o consumidor final, uma nova startup aparece para solucionar a dor das grandes varejistas.
A Graviola conecta supermercados e outros empreendimentos com fornecedores de hortifrúti através de uma tecnologia que também funciona pelo WhatsApp. Ela acaba de receber um aporte de até R$ 45 milhões da SRM Ventures, braço de venture capital da SRM Asset, para se tornar oficialmente o “banco do hortifrúti”.
A startup já tem 450 fornecedores cadastrados e comercializou R$ 11 milhões em transações desde 2024. O plano com o aporte é oferecer mais de R$ 100 milhões em crédito até 2026, focando em antecipação de recebíveis para pequenos e médios fornecedores, que sofrem com os longos prazos de pagamento.
Fundada por Gabriel Shammah, a Graviola tem a proposta de facilitar as compras diárias de frutas, legumes e verduras para supermercados e distribuidores. A ideia surgiu quando Shammah trabalhava na Mercado Diferente, startup de entrega de "frutas feias" por que encerrou as operações no final do ano ado.
Diretor de projetos na foodtech até o final de 2022, Shammah percebeu que o mercado ainda era muito dependente do WhatsApp para fazer as cotações. Segundo ele, o time de compras dos supermercadistas gastava muito tempo trocando mensagens com centenas de fornecedores para conseguir negociar preços e garantir os insumos necessários.
Normalmente, os varejistas e hortifrútis lidam com seus fornecedores por meio de planilhas ou portais próprios, que exigem que os vendedores atualizem suas ofertas de forma manual. Muitas vezes, o comprador precisa entrar em contato por WhatsApp para alertar os fornecedores sobre mudanças de preços ou confirmar a disponibilidade dos produtos.
Esse processo manual consome tempo e gera ineficiências, o que dificulta o acompanhamento em tempo real das negociações e do fluxo de mercadorias. Shammah já havia trabalhado desenvolvendo tecnologia para startups anteriormente e, assim, com o amigo e engenheiro Allan Goldberg ao lado, veio a ideia de criar a Graviola.
Com a plataforma da Graviola, o comprador pode fazer cotações em três cliques e a IA já sugere a melhor oferta. “Conseguimos aumentar a eficiência em 30% no time de compras e reduzir até 15% nos custos de insumos”, diz Shammah.
Agora, com o apoio da SRM Ventures, a empresa vai permitir que os fornecedores antecipem seus recebíveis diretamente pelo WhatsApp. Isso significa que o fornecedor, em vez de esperar de 45 a 90 dias para receber, pode ter o ao crédito em até 24 horas. Um alívio e tanto para quem tem o fluxo de caixa apertado.
Segundo o líder de venture capital André Szapiro, a SRM Ventures é conhecida por apostar em fintechs de nicho — e o modelo de negócio da Graviola, que mira oferecer crédito para fornecedores, se encaixa perfeitamente na tese de investimento da casa.
A gestora, que possui um fundo de R$ 500 milhões, já tem 16 empresas em seu portfólio e foca em investimentos de equity (capital investido em troca de participação acionária).
“A Graviola atua num setor específico, mas com um enorme potencial de transformação no setor alimentício. Acreditamos que o crédito e a experiência do cliente são muito melhores quando o foco é num nicho”, afirma Szapiro.
A SRM planeja ajudar a fintech a criar um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) exclusivo, mas esse movimento só ocorrerá após a Graviola atingir um volume significativo de transações. A ideia é que, uma vez que a empresa alcance valores elevados de faturamento, ela consiga montar seu próprio fundo, saindo do apoio inicial da SRM.
O processo, que pode durar até 10 anos, visa garantir que a Graviola tenha autonomia para financiar seus fornecedores de maneira mais eficiente e sustentável. Até lá, o investimento da SRM servirá para escalar as operações da Graviola e criar esse histórico de dados, essencial para a criação do FIDC. Esse modelo já foi aplicado com a fintech Juvo, e a intenção é repetir a fórmula de sucesso, mas no setor alimentício.