País é um dos 'escolhidos' pelo republicano para abrigar os novos refugiados palestinos; Rei Abdullah II resiste, mas sinaliza ajuda humanitária
Redação Exame Publicado em 11 de fevereiro de 2025 às 17h17. Última atualização em 12 de fevereiro de 2025 às 16h32.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificou a pressão sobre a Jordânia para que aceite palestinos deslocados da Faixa de Gaza, como parte de seu plano para transformar o território em uma “Riviera do Oriente Médio”. Durante encontro na Casa Branca nesta terça, 11, o rei Abdullah II evitou apoiar a proposta e destacou que o Egito lidera uma resposta dos países árabes.
Trump ameaçou suspender a ajuda anual de US$ 1,5 bilhão (R$ 8,65 bilhões) à Jordânia e ao Egito caso os países recusem receber os refugiados. No entanto, diante da resistência, o republicano recuou parcialmente: “Não preciso ameaçar com isso, acho que estamos acima disso.”
O monarca jordaniano reafirmou que sua prioridade é proteger os interesses de seu país, que já abriga cerca de 700 mil refugiados sírios e cuja população tem significativa origem palestina. Ainda assim, Abdullah II propôs um gesto humanitário: acolher 2 mil crianças gravemente doentes de Gaza, incluindo pacientes com câncer.
Paralelamente, a reunião abordou a fragilidade do cessar-fogo em Gaza. O grupo Hamas suspendeu a libertação de reféns, alegando violações de Israel. Trump reagiu com ameaças: “As portas do inferno seriam abertas” se os reféns não fossem soltos até sábado.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reforçou o ultimato: “Se o Hamas não devolver nossos reféns até o meio-dia de sábado, o cessar-fogo terminará e as Forças Armadas retornarão a combates intensos até que o Hamas seja finalmente derrotado.”
A proposta de Trump para Gaza enfrenta forte oposição. Desde o anúncio de que Washington assumiria “o controle” do território para realocar seus habitantes, líderes árabes vêm articulando uma resposta. O presidente do Egito, Abdel Fatah al-Sisi, deve apresentar um plano alternativo nos próximos dias.
A Jordânia tem razões históricas e políticas para rejeitar a ideia. Desde a criação de Israel, em 1948, o país já recebeu várias ondas de refugiados palestinos, representando hoje metade de sua população. O episódio conhecido como Setembro Negro, em 1970, marcou violentos confrontos entre o exército jordaniano e grupos palestinos, um trauma ainda presente na política local.
Especialistas apontam que Abdullah II não pode aceitar o plano de Trump sem arriscar sua estabilidade política. “O rei não pode sobreviver à ideia de que está conspirando para a limpeza étnica dos palestinos”, avaliou Paul Salem, do Middle East Institute.
Além disso, a Jordânia depende fortemente da ajuda americana: recebe anualmente US$ 750 milhões (R$ 4,33 bilhões) em assistência econômica e outros US$ 350 milhões (R$ 2 bilhões) em apoio militar. Mesmo assim, a rejeição à proposta dos EUA dentro do país é quase unânime, segundo analistas.
*Com Globo e AFP.
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