Documento foi enviado a órgão do governo americano para pedir que país seja poupado de novas taxas
Repórter de macroeconomia Publicado em 26 de março de 2025 às 10h27.
O governo brasileiro disse, em uma resposta oficial ao governo dos Estados Unidos, que as tarifas comercias extras propostas pelo presidente Donald Trump poderão prejudicar "gravemente" para a relação comercial entre os dois países.
"O Brasil exorta os Estados Unidos a priorizarem o diálogo e a cooperação em vez da imposição de restrições comerciais unilaterais, o que arrisca alimentar uma espiral negativa de medidas que poderiam prejudicar gravemente nossa relação comercial mutuamente benéfica", disse o governo brasileiro, em documento protocolado na USTR (Escritório do Representante de Comércio dos EUA), em 11 de março.
O documento foi revelado inicialmente pela Folha de S.Paulo e obtido também pela EXAME. O material foi enviado em uma consulta pública aberta pelo órgão para que países, entidades e empresas pudessem se manifestar sobre as propostas de Donald Trump de aumentar tarifas comerciais dos EUA.
Além do governo brasileiro, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) e a Amcham (Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos) enviaram documentos com argumentos contra a imposição de tarifas ao Brasil.
No documento, o governo brasileiro aponta que os Estados Unidos tem, atualmente, um superátiv na relação comercial com o Brasil. Ou seja, compra mais produtos americanos do que vende a eles.
"Os Estados Unidos têm desfrutado de um superávit comercial consistente com o Brasil ao longo dos últimos 15 anos, acumulando um superávit total de US$ 160 bilhões em bens e mais de US$ 410 bilhões em bens e serviços, de acordo com as estatísticas dos EUA", aponta o relatório.
Só no setor automotivo, o superávit americano foi de US$ 1,8 bilhão em 2024.
O material destaca ainda que 74% das exportações americanas ao Brasil entram no país sem cobrança de tarifas, por conta de diversos acordos. A lista de itens isentos inclui petróleo, aviões e carvão. A tarifa média imposta pelo Brasil sobre produtos americanos é de 2,73%, enquanto a média cobrada pelo país a todos os países é de 11%.
"O Brasil abriga mais de 3.600 empresas americanas, atuando tanto no setor de serviços quanto de indústria. Nos últimos 10 anos, o Brasil enviou aproximadamente US$ 54,1 bilhões para os EUA na forma de royalties, lucros e dividendos remetidos", aponta o documento.
O presidente Donald Trump tem anunciado uma série de tarifas comercias desde que tomou posse, em janeiro.
O republicano disse que serão impostas uma série de tarifas recíprocas a todos os países em 2 de abril, mas ainda não detalhou como elas funcionarão. O Brasil poderá ser atingido, pois impõe tarifas a produtos americanos. O país já foi alvo de tarifas extras, de 25%, sobre aço e alumínio, que entraram em vigor em março.
2 /5O presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente francês, Emmanuel Macron, apertam as mãos no final de uma entrevista coletiva conjunta no Salão Leste da Casa Branca, em Washington, DC, em 24 de fevereiro de 2025. (Foto de ROBERTO SCHMIDT / AFP)(Donald Trump Emmanuel Macron)
3 /5O presidente Trump se encontra com o rei e o príncipe herdeiro da Jordânia na Casa Branca(President Trump Meets With The King And Crown Prince Of Jordan At The White House)
4 /5Os presidentes Javier Milei e Donald Trump, em evento nos EUA(Trump e Milei)
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