Mundo

Governo Trump aceita avião dado de presente pelo Qatar que custa US$ 400 milhões

Presente que segue regras federais é alvo de críticas, pois pode gerar custo bilionário de adaptação e traz risco de espionagem

Avião Boeing 747 oferecido pelo Qatar a Trump, no aeroporto de Palm Beach, Flórida, em 15 de fevereiro (Roberto Schmidt/AFP)

Avião Boeing 747 oferecido pelo Qatar a Trump, no aeroporto de Palm Beach, Flórida, em 15 de fevereiro (Roberto Schmidt/AFP)

Publicado em 21 de maio de 2025 às 14h23.

Última atualização em 21 de maio de 2025 às 15h04.

Tudo sobreCatar
Saiba mais

Os Estados Unidos aceitaram um avião Boeing 747, avaliado em mais de US$ 400 milhões, que foi oferecido pelo governo do Qatar.

“O secretário de Defesa aceitou um Boeing 747 do Qatar, em conformidade com todas as regras e regulamentos federais”, afirmou o porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, em comunicado nesta quarta-feira, 21.

Ele não confirmou se o avião será usado pelo presidente Donald Trump. A aeronave poderia substituir os modelos usados como Air Force One enquanto os novos modelos encomendados pelo governo americano não ficam prontos. No entanto, as modificações necessárias no avião custarão centenas de milhões de dólares.

O modelo, com 13 anos de uso, pertencia à família real do Qatar e possui dois banheiros completos, seis lavatórios, um quarto principal e um quarto para convidado, além de várias salas e lounges.

"Não é realmente um presente. Você terá basicamente de desmontar o avião todo e reconstruí-lo para atender todos os requisitos de segurança e comunicação do Air Force One", disse o deputado democrata Joe Courtney ao site Politico.

Entre as mudanças, seria preciso trocar toda a fiação elétrica e os sistemas do avião, para instalar mecanismos seguros de comunicação e mais itens de defesa, como um escudo eletromagnético. Todas as mudanças poderão custar de dezenas a centenas de milhões de dólares, segundo analistas.

Além disso, seria preciso fazer uma varredura extensa para detectar eventuais softwares ou outros itens de espionagem que poderiam estar escondidos. Isso significaria, na prática, checar parafuso a parafuso para ver se um deles esconde algum dispositivo.

Um funcionário da Casa Branca, ouvido pelo jornal The Washington Post, disse que seria prematuro dizer quanto custaria a reforma e quanto tempo ela levaria. Analistas dizem que a reforma provavelmente não ficaria pronta até o fim do mandato de Trump, em 2029, a menos que os requisitos de segurança fossem muito reduzidos.

O avião foi levado para Trump em fevereiro, até o aeroporto de Palm Beach na Flórida. Na ocasião, o presidente vistoriou o modelo por cerca de 1 hora.

A história do Air Force One

Atualmente, os Estados Unidos possuem dois aviões usados para transporte do presidente, chamados de Air Force One. Os modelos, no entanto, entraram em operação no início dos anos 1990.

O avião presidencial americano funciona, na prática, como uma central de comando nuclear. Se for preciso, o presidente pode acionar, a partir dele, o disparo de mísseis em centrais americanas em solo.

O modelo 747, apelidado de Jumbo, é um dos maiores aviões já feitos pela humanidade. Ele tem 70 metros de comprimento e 64 metros de envergadura. Em sua configuração comercial, pode levar até 660 pessoas por viagem.

Lançado em 1970, o 747 deixou de ser fabricado em 2023, por falta de demanda. O 747 tem quatro motores, que consomem mais combustível. Novos aviões de grande porte são mais econômicos e usam apenas dois motores. Para um avião presidencial, no entanto, mais motores trazem um ganho de segurança: se um deles falhar, os outros três podem manter o voo.

A Casa Branca encomendou dois novos aviões para a Boeing, no primeiro mandato de Trump, por US$ 3,9 bilhões, mas a empresa atrasou a entrega diversas vezes. Eles não deverão ser entregues antes de 2027.

O plano de doação do Qatar foi revelado pela imprensa americana há algumas semanas e confirmado pela Casa Branca, que disse que o país do Golfo Pérsico ofereceu "a doação de um avião ao Departamento de Defesa". Perguntado sobre o caso, Trump elogiou o gesto.

"Eu nunca iria negar esse tipo de oferta. Eu poderia ser uma pessoa estúpida e dizer 'não, eu não quero um avião muito caro de graça", afirmou, na segunda-feira.

Acompanhe tudo sobre:CatarEstados Unidos (EUA)Donald Trump

Mais de Mundo

Fretes entre China e EUA disparam com incerteza tarifária e alta demanda por embarques

ONU afirma que tiros israelenses durante visita de diplomatas na Cisjordânia são "inaceitáveis"

China critica diretrizes dos EUA que restringem uso global de chips avançados chineses

China e Rússia anunciam usina nuclear na Lua para 2035 com estação internacional