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Apresentado por YPO

Escoceses versus japoneses: no reino do uísque, quem vence a batalha?

Lizandra Freitas explica como os japoneses ganharam destaque no mundo da bebida -- e por que é preciso dar uma chance ao uísque do país - consagrado, até então, pela produção dos tradicionais saquês

Uísques japoneses: vendas cresceram 52% no último ano, enquanto o crescimento anual da categoria de uísques não ou de 6% no Brasil (Divulgação/Reprodução)

Uísques japoneses: vendas cresceram 52% no último ano, enquanto o crescimento anual da categoria de uísques não ou de 6% no Brasil (Divulgação/Reprodução)

Publicado em 14 de novembro de 2023 às 09h34.

Última atualização em 16 de novembro de 2023 às 16h41.

Há algo novo e muito perturbador no universo dos uísques – após cinco séculos de hegemonia, os escoceses deixaram de ser a única autoridade no assunto e aram a ser incomodados, quem diria, pelos japoneses. Quem frequenta os bares mais antenados de São Paulo já deve ter notado que os rótulos com ideogramas, antes s aos saquês, tomaram conta das cartas de uísques e viraram uma verdadeira febre.

O fenômeno é mundial e ganhou força no Brasil. Por aqui, as vendas dos japoneses cresceram 52% no último ano, enquanto o crescimento anual da categoria de uísques não ou de 6%. É, sem dúvida, o segmento mais turbinado dentro do mercado.

Os japoneses aprenderam a técnica com os próprios escoceses e construíram a primeira destilaria em 1923, mas seus rótulos permaneceram, por décadas, como um segredo muito bem guardado. A história começou a mudar em 2003, com o filme Encontros e Desencontros, dirigido por Sofia Coppola – na trama, Bill Murray faz o papel de um ator contratado para estrelar a propaganda de um uísque japonês.

Foi assim que os americanos descobriram que japoneses produziam bons uísques e a notícia logo se espalhou pela Europa. Mas a moda estourou de verdade na década seguinte, em 2015, quando o crítico Jim Murray, editor da Whisky Bible, elegeu o Yamazaki Sherry Cask 2013 o melhor single malt do mundo, com nota 97,5. Naquele mesmo ano, nenhum uísque escocês entrou sequer para a lista dos cinco melhores. Era o começo de uma nova era.

A produção reduzida e os longos processos de envelhecimento, guiados pelo perfeccionismo japonês, deram uma “forcinha” para que seus uísques virassem objeto de desejo.

Qual o uísque mais caro do mundo?

Considerado o mais caro do mundo, o rótulo single malt Yamazaki 55 anos, uma raridade disputada por colecionadores em leilões, pode superar a cifra de 1 milhão de dólares. Hoje, porém, a indústria está adaptada à forte demanda. Rótulos ultra continuam na categoria de sonhos de consumo, mas os bares estão bem abastecidos de ótimos uísques íveis, que também entregam a identidade única do terroir japonês.

Assim como acontece na gastronomia japonesa, o equilíbrio é sua marca registrada. Barricas de Mizunara, conhecida como carvalho japonês, conferem notas de baunilha e uma picância particular. O resultado são uísques delicados, redondos, que podem variar de personalidade, mas jamais terão notas extremas se destacando entre as demais.

Por seu equilíbrio, delicadeza e elegância, uísques japoneses são também uma ótima porta de entrada para aqueles que estão começando a se aventurar neste maravilhoso mundo dos uísques. Há muitas formas de descobrir toda a complexidade contida em uma dose de uísque japonês. Puro ou com gelo, o blend Hibiki 17, protagonista no filme Encontros e Desencontros, pode ser um bom começo de trilha e servir como uma introdução à categoria seguinte, a dos single malts, que podem revelar gratas surpresas.

E, para os amantes da coquetelaria, o Highball – ou Haiboru, como preferem os japoneses – é uma porta de entrada praticamente obrigatória: copo alto, gelo, uísque e club soda. Simples assim. Kampai!

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