Avaliação ocorre após agência de classificação de risco mudar a perspectiva do Brasil de positiva para estável
Notas de crédito Moody’s: avaliação e perspectivas financeiras para Vale, Petrobras e Ambev após revisão do rating soberano do Brasil (Emmanuel Dunand/AFP/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 3 de junho de 2025 às 07h55.
A agência de classificação de risco Moody’s revisou a perspectiva das notas de crédito da Vale, Petrobras e Ambev de positiva para estável. As notas da Vale e Ambev foram mantidas em “Baa2”, enquanto a nota de crédito da Petrobras foi reafirmada em “Ba1”.
Os analistas Erick Rodrigues e Marcos Schmidt escrevem em relatório que a mudança de perspectiva acontece por conta da revisão recente que a Moody’s fez na nota soberana do Brasil, mantendo em “Ba1”, mas rebaixando a perspectiva de positiva para estável.
“Entendemos que as classificações dessas empresas estão limitadas pela qualidade de crédito do ambiente soberano. A capacidade de crédito dessas empresas não pode ser completamente dissociada da qualidade de crédito do governo brasileiro e, por isso, suas classificações precisam refletir de forma próxima o risco que compartilham com o soberano”, comentam os analistas.
Eles ainda destacam que a classificação “Ba1” da Petrobras e a avaliação de crédito base “ba1” — que mede o risco de crédito da empresa sem considerar apoio governamental — refletem métricas de crédito sólidas para sua categoria de rating e um histórico de melhorias operacionais e financeiras.
“Apesar de ser uma empresa ligada ao governo, a probabilidade de inadimplência da Petrobras devido a dificuldades de crédito soberano é considerada baixa, graças à sua estrutura de capital robusta, baixa dependência de financiamento doméstico, exposição limitada ao risco cambial (devido à menor participação do refino) e ao fato de que cerca de 30% das receitas vêm de exportações”, avaliam.
A perspectiva estável da Petrobras reflete a expectativa de que o perfil de crédito da companhia permanecerá amplamente inalterado nos próximos 12 a 18 meses.
Já a nota da Vale é sustentada por seu forte perfil de negócios e posição de liderança global na produção de minério de ferro e níquel, com fluxo de caixa e lucratividade pouco correlacionados com as condições econômicas domésticas.
A probabilidade de inadimplência da Vale devido a estresse ou calote soberano é considerada muito baixa, já que a empresa depende fortemente de receitas vindas da China e de países desenvolvidos, o que a protege do ambiente macroeconômico e político brasileiro.
A classificação “Baa2” também é sustentada pelo portfólio de ativos de longa vida útil da Vale (em minério de ferro, níquel e cobre), sua posição de baixo custo e balanço patrimonial sólido.
A perspectiva estável da Vale reflete a expectativa de que a mineradora manterá seu forte desempenho operacional e financeiro nos próximos 12 a 18 meses, com disciplina na alocação de capital, excelente liquidez e métricas conservadoras de endividamento, ao mesmo tempo em que investe em crescimento — especialmente na expansão de níquel e cobre, o que deve levar a uma contribuição mais equilibrada entre minério de ferro e metais básicos.
A perspectiva também considera que não haverá aumento significativo de provisões ou desembolsos relacionados a Brumadinho ou Samarco que possam afetar a liquidez ou alavancagem da empresa.
A classificação “Baa2” da Ambev é sustentada por sua escala como uma das maiores cervejarias do mundo, presença em 18 países, posições de liderança na maioria dos mercados em que atua — incluindo Brasil e Canadá — e um amplo portfólio de marcas de bebidas alcoólicas e não alcoólicas.
A perspectiva estável reflete as métricas de crédito excepcionalmente fortes da Ambev, suas posições dominantes de mercado e estabilidade operacional, que ajudam a compensar os riscos associados à sua exposição ao Brasil — onde a empresa gera mais de 50% do seu Ebitda.