Resultado mostrou melhora em vendas e margens, mas despesas extraordinárias e alavancagem elevada pesam sobre o papel
Repórter de Mercados Publicado em 19 de fevereiro de 2025 às 12h14.
As ações do GPA (PCAR3), dono do Pão de Açúcar , abriram em forte queda de mais de 4% nesta quarta-feira, 19, liderando as baixas do índice Ibovespa, após a divulgação do balanço do quarto trimestre.
Por volta das 12h, os papéis suavizavam as perdas, com recuo de 0,68%.
Apesar de uma melhora operacional, com vendas em mesmas lojas crescendo acima da inflação de alimentos e crescimento de margens, diversos custos não recorrentes, como provisões fiscais e trabalhistas, pesaram sobre o resultado.
“Isso limita a visibilidade sobre lucros e a geração de caixa”, apontou o Goldman Sachs, em relatório.
A companhia reportou prejuízo de R$ 1,1 bilhão no quarto trimestre, mais que o triplo dos R$ 303 milhões do mesmo período do ano anterior.
Considerando apenas os resultados continuados – que excluem as operações vendidas ou à venda, como postos de gasolina, hipermercados Extra e a participação na colombiana Exito –, o GPA teve perda de R$ 737 milhões.
Desse total, R$ 563 milhões foram relativos à baixa de contingências, que envolvem desde acordos tributários a impairments em lojas de baixo desempenho.
“A empresa continua entregando uma sólida recuperação e a fazer tudo o que é possível para retomar a geração de fluxo de caixa", afirmou o Itaú BBA.
Para os analistas do banco, contudo, outros fatores afetam a tese.
“Infelizmente, a alta alavancagem (especialmente com taxas superiores a 15%) e as contingências continuam a ser ventos contrários relevantes, refletindo-se na pressão sobre o EBITDA, com um prejuízo líquido de R$ 163 milhões”, escreveu a equipe do banco.
Do lado operacional, a receita líquida da companhia de R$ 5,2 bilhões no quarto trimestre de 2024, alta de 6,9% na comparação com 2023. E o EBITDA ajustado – tirando os efeitos extraordinários – registrou alta de 25,4%, somando R$ 498 milhões, como reflexo em grande parte de redução nas despesas gerais e istrativas. A margem bruta também avançou 0,2 ponto percentual.
Para o time do BTG Pactual (mesmo grupo controlador da EXAME), o GPA continua como uma opção mais arriscada entre os varejistas de alimentos. Isso apesar da melhoria dos resultados operacionais nos últimos trimestres e da eficácia da implementação de iniciativas para reduzir a alavancagem.
"O processo de recuperação para recuperar vendas e recuperar lucratividade nas operações do GPA continua em andamento e com o ritmo de desalavancagem ainda em foco (em meio a um cenário de altas taxas de juros) mantemos nossa classificação neutra".
Nos últimos doze meses, os papéis do GPA apresentam queda de 16%. Neste ano, apesar da queda de hoje, as ações avançam 10,65%, na esteira da valorização das empresa mais cíclicas da Bolsa.