Invest

Gavekal: Arábia Saudita próxima de Rússia e China ameaça supremacia do dólar no mercado de energia

País árabe tem estreitado laços com Xi Jinping e Vladimir Putin, a despeito de apoio histórico dos Estados Unidos

O príncipe-herdeiro saudita Mohamed Bin Salman (D) aperta a mão do presidente chinês, Xi Jinping, durante cúpula CCG-China, em Riade. (agência saudita de imprensa, SPA/AFP)

O príncipe-herdeiro saudita Mohamed Bin Salman (D) aperta a mão do presidente chinês, Xi Jinping, durante cúpula CCG-China, em Riade. (agência saudita de imprensa, SPA/AFP)

Publicado em 5 de dezembro de 2023 às 16h32.

Última atualização em 10 de dezembro de 2023 às 11h56.

A visita do presidente da Rússia, Vladimir Putin à Arábia Saudita é mais um sinal enfatiza quão crucial será o papel da Arábia Saudita nos próximos anos, na avaliação de Louis Gave, CEO e sócio-fundador da Gavekal Research. 

"A Arábia Saudita, maior exportadora de petróleo, será a chave para definir uma eventual desdolarização do mercado global de energia", afirma Louis Gave em relatório.

O economista considera que a garantia de que os Estados Unidos protegeria a Arábia Saudita é o principal argumento contra essa mudança, que, obviamente, vai na contramão dos interesses americanos. "Por outro lado, a promessa da China ao resto do mundo é 'torne-se nosso amigo e nós o tornaremos próspero.'"

"Dependendo de onde você está e de sua própria história, o valor relativo dessas promessas pode variar enormemente. Para um país como a Polônia, a promessa de segurança é extremamente valiosa. Para países como o Quénia ou a Indonésia, a promessa de prosperidade é muito mais atraente", diz Gave.

No caso da Arábia Saudita, o pêndulo parece estar tendendo para a China.

Sinais de proximidade com China e Rússia

As evidencias, afirmou o economista, estão nas recentes movimentações geopolíticas da Arábia Saudita, que tem estreitado relações com a Rússia e com a própria China.

"Após a invasão da Ucrânia pela Rússia, a Arábia Saudita recusou-se a aumentar a sua própria produção de petróleo, ajudando assim a Rússia a manter o seu espectáculo económico na estrada. Isto deve ter sido uma decepção para a istração norte-americana do presidente Joe Biden.'

Gave ainda recorda que em dezembro ado Xi Jinping fez uma visita à Arábia Saudita e que, pouco depois, o país foi convidado para integrar o Brics a pedido da China.

Reforçando a tese de aproximação entre os países, em novembro, o banco central saudita firmou uma linha de de swap de 50 bilhões de iuanes com o Banco Popular da China. "O acordo que levanta a questão: para que poderia a Arábia Saudita precisar de iuanes">

"Mesmo que o dinheiro saudita não seja suficientemente bom para investir em startups de semicondutores nos EUA, certamente continua a ser suficientemente bom para comprar armas fabricadas nos EUA. E isto leva-nos de volta à escolha que hoje é oferecida aos políticos de todo o mundo: segurança americana ou prosperidade chinesa">

China ou EUA?

A resposta, disse, pode depender do Irã. Se o país persa for uma ameaça, valeria a pena estreitar laços com os Estados Unidos. "Mas se a atividade interna for a maior preocupação, então mais comércio com a China e mais investimento chinês poderão muito bem ser a resposta, oferecendo aos consumidores locais carros baratos, melhores transportes públicos e assim por diante."

Confira as últimas notícias de Invest:

Acompanhe tudo sobre:ChinaArábia SauditaRússiaDólarGavekal
Próximo

Mais de Invest

Mega-Sena: resultado do concurso 2.871; prêmio é de R$ 38,2 milhões

Do e-commerce às vendas corporativas: VTEX reforça sua aposta no B2B

UBS vê dólar 'caro e vulnerável' e reforça visão positiva para o real

Dólar fecha em queda de 0,70% com medidas fiscais no radar

Mais na Exame