De acordo o BTG, suspensão deve favorecer mais a Airbus, enquanto a Embraer teria espaço apenas em nichos específicos e mais no longo prazo, se o embargo à americana durar por muito tempo
Fábrica de aviões comerciais da Embraer em São José dos Campos: a companhia espera entregar até 85 aeronaves em 2025 (Leandro Fonseca/Exame)

Publicado em 16 de abril de 2025 às 11h54.

Última atualização em 16 de abril de 2025 às 13h18.

A decisão da China de interromper os pedidos de aviões da Boeing acendeu alertas no setor de aviação global. Apesar da repercussão – que fez os papéis da Embraer ( EMBR3 ) subirem mais de 3% no pregão de ontem –, analistas do BTG Pactual avaliam que a fabricante brasileira deve se beneficiar apenas "marginalmente" da medida, a menos que a suspensão se estenda por um longo período.

Na bolsa brasileira, as ações da fabricante de aviões registram queda de mais de 1,8% na manhã desta quarta-feira. Em Nova York, as ADRs caem mais de 2,6%.

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Embora considere que o impacto imediato sobre a Embraer seja modesto, o BTG ressalta que a retirada de um grande fornecedor em um mercado estratégico como o chinês poderia abrir espaço para novos entrantes — entre eles, a fabricante brasileira.

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“Se a suspensão se tornar uma restrição duradoura, eliminando um fornecedor chave de um mercado tão vasto quanto o da China, isso pode representar uma nova fronteira de crescimento para a ERJ”, afirma o relatório assinado pelos analistas Lucas Marquiori e Fernanda Recchia.

Para os analistas, no cenário atual, no entanto, a principal beneficiada com a suspensão da Boeing seria aAirbus, sua principal concorrente. No entanto, a fabricante europeia também enfrenta gargalos na cadeia de suprimentos, o que limita sua capacidade de absorver um aumento repentino na demanda.

Outra possível beneficiária seria a chinesa COMAC. Ainda assim, em caso de escalada na guerra comercial, a empresa local pode ter dificuldades para obter componentes americanos, o que comprometeria sua produção.

Para a Embraer, o espaço estaria no segmento de jatos regionais, especialmente com os da família E2. A empresa estima que a China poderá demandar 3.240 aeronaves regionais nos próximos 20 anos — cerca de 31% do total projetado globalmente para o período.

Ainda assim, o BTG avalia que não faz sentido estratégico acelerar o desenvolvimento de uma nova aeronave apenas com base nessa oportunidade pontual. “Lançar um programa exclusivamente em resposta a um imbróglio tarifário seria um grande erro estratégico”, alertam os analistas.

Apesar da cautela em relação ao impacto do ime entre China e Boeing, o BTG mantém recomendação de compra para os ADRs da Embraer negociados em Nova York. O preço-alvo para os próximos 12 meses é de US$ 65, o que implica uma valorização potencial de 47,3% em relação ao fechamento mais recente, de US$ 44,12. A expectativa de retorno total, somando dividendos, é de 48,7%.

A visão positiva do banco se baseia em fundamentos próprios da companhia e na assimetria de risco-retorno após a forte desvalorização do papel desde o início das tensões comerciais promovidas pelo presidente americano Donald Trump.

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