Estagiária de jornalismo
Publicado em 3 de junho de 2025 às 12h10.
Nos primeiros cinco meses de 2025, apenas dez ações negociadas na B3 conseguiram dobrar de valor. Um feito raro em um mercado tão volátil como o brasileiro este ano.
Segundo levantamento da consultoria Elos Ayta, a maioria dessas ações — oito em dez — está fora do Ibovespa, concentrando-se no índice Small Caps, que reúne empresas de menor valor de mercado e liquidez. Apenas duas das dez ações campeãs fazem parte do principal índice da bolsa.
O destaque é a Méliuz (CASH3), empresa de tecnologia especializada em programas de fidelização e cashback, que lidera com valorização de 197,09%. Em segundo lugar aparece a Cogna ON (COGN3), do setor de educação, com alta de 180,8%.
O setor educacional se destaca no ranking, com três representantes entre as dez ações que mais valorizaram: além da Cogna, Ânima (ANIM3) (+173,59%) e Ser Educacional (SEER3) (+118,99%). O bom desempenho desses papéis reforçam a recuperação do segmento em 2025.
Duas ações que não integram nem o Ibovespa, nem o Small Caps — Paranapanema (PMAM3) (artefatos de cobre) e Dotz SA (DOTZ3) (programas de fidelidade) — também dobraram de valor no ano.
A liquidez não foi determinante para a valorização. Quatro ações — Paranapanema, Dotz, Ser Educacional e Moura Dubeux — negociam menos de R$ 10 milhões por dia em média.
Já Cogna e Assaí (ASAI3), que fazem parte do Ibovespa, apresentam liquidez robusta, com média diária acima de R$ 100 milhões, unindo valorização e facilidade de negociação. O Assaí, com alta de 105,62%, é o papel com maior peso entre as Small Caps, representando 4,51% do índice.
Segundo Einar Riveiro, CEO da Elos Ayta Consultoria, as dez ações vêm de oito setores diferentes, indicando que o bom desempenho não está concentrado em um único segmento. Porém, o predomínio do setor educacional sugere uma reprecificação do mercado, impulsionada pela expectativa de recuperação econômica e melhora nas condições de crédito e consumo.
O cenário macroeconômico favorece esse movimento. A bolsa brasileira acumula alta de 9,4% no ano até maio, impulsionada pela percepção de que o Brasil sai fortalecido em meio às tensões comerciais globais e pela expectativa do fim do ciclo de alta da taxa Selic, atualmente em 14,75%.
A manutenção ou queda dos juros tende a beneficiar ações cíclicas, como as dos setores educacional, varejo e construção, que respondem diretamente ao ritmo da atividade econômica. Apesar das valorizações, analistas alertam para correções no curto prazo, reforçando a volatilidade do mercado e a necessidade de cautela.
Vale destacar que o levantamento da Elos Ayta e publicado pelo EXAME tem caráter quantitativo e não configura recomendação de compra ou venda. Em um cenário de incertezas, entender os movimentos e diversificar investimentos são estratégias fundamentais para investidores.
Empresa | Setor | Retorno (%) | Volume Médio Diário Anual (R$ Milhares) | Participação no Índice Ibovespa (%) | Participação no Índice Small Caps (%) |
---|---|---|---|---|---|
Méliuz | Programas e serviços | 197,09 | 32.368 | 0,15 | |
Cogna ON | Serviços educacionais | 180,80 | 136.337 | 0,26 | 1,66 |
Ânima | Serviços educacionais | 173,59 | 30.943 | 0,33 | |
Paranapanema | Artefatos de cobre | 152,10 | 1.541 | ||
Dotz SA | Programas de fidelização | 149,15 | 81 | ||
Cea Modas | Tecidos, vestuário e calçados | 125,94 | 46.037 | 0,54 | |
Ser Educacional | Serviços educacionais | 118,99 | 6.944 | 0,16 | |
Serena | Energia elétrica | 108,91 | 65.600 | 1,43 | |
Moura Dubeux | Incorporações | 106,86 | 9.788 | 0,32 | |
Assaí | Alimentos | 105,62 | 127.088 | 0,69 | 4,51 |