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Futuro do comércio exterior: como stablecoins podem libertar PMEs do cativeiro dos spreads bancários

Uma das dores mais agudas para essas PMEs reside no custo proibitivo do capital de giro e, principalmente, nos spreads cambiais aplicados pelos bancos

 (Reprodução/Reprodução)

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Bárbara Espir
Bárbara Espir

Country Manager da Bitso Brasil

Publicado em 31 de maio de 2025 às 10h04.

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O Brasil, com sua complexa máquina tributária e um emaranhado regulatório, sempre representou um desafio singular para o comércio exterior. Para grandes corporações, as engrenagens da importação e exportação giram, ainda que com atrito. Mas para a espinha dorsal da nossa economia – as micro, pequenas e médias empresas (PMEs) – o cenário é de gargalos e margens asfixiadas.

Em 2024, o país celebrou um recorde de 28.847 empresas exportadoras, e um dado é revelador: 40,5% delas são MEIs, pequenas e médias empresas. Essa é a força motriz que, paradoxalmente, enfrenta as maiores barreiras.

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Uma das dores mais agudas para essas PMEs reside no custo proibitivo do capital de giro e, principalmente, nos spreads cambiais aplicados pelos bancos. A necessidade de antecipar recursos, muitas vezes com dias de antecedência para honrar compromissos internacionais, gera um custo de oportunidade gigantesco.

Soma-se a isso a dificuldade de o ao crédito, como evidenciado pelo Sebrae: 88% dos micro e pequenos empreendedores no Brasil não têm o a crédito, em grande parte pela falta de garantias exigidas pelas instituições financeiras tradicionais. Sem crédito, o custo do capital de giro se eleva ainda mais, com a necessidade de recorrer a linhas mais caras ou comprometer o próprio caixa.

E as taxas de câmbio? Elas são um capítulo à parte. O mercado cambial no Brasil, para PMEs, é frequentemente opaco e com spreads significativos. Enquanto a taxa PTAX do Banco Central pode indicar o valor do dólar comercial, o que o pequeno e médio empresário paga é muito mais. Para volumes baixos de negociação, bancos e casas de câmbio podem aplicar spreads que variam de 1% a 7% (ou até mais) sobre a PTAX.

Some a isso a incidência do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que agora pode chegar a 3,5% em muitas operações de consumo internacional (e impacta outras operações cambiais com alíquotas que variam). O custo efetivo total (CET) para adquirir ou vender dólares no mercado tradicional se torna proibitivo para margens já apertadas.

A urgência da operação, a falta de volume e a menor capacidade de negociação fazem com que essas empresas paguem um prêmio considerável na hora de converter reais em dólares (e vice-versa).

Além disso, a volatilidade cambial impõe um risco real, e a proteção contra essa variação, por meio de derivativos, é muitas vezes inível ou igualmente cara, estreitando ainda mais a já apertada margem de lucro dessas operações.

A revolução das stablecoins: uma luz no fim do túnel?

É nesse cenário desafiador que as stablecoins atreladas ao dólar, como o USDT ou o USDC, são uma alternativa promissora e, talvez, disruptiva para o comércio exterior brasileiro. Imagine a possibilidade de realizar pagamentos internacionais em segundos, com custos de transação significativamente menores e, o mais importante, sem a incidência de IOF em determinadas estruturas comerciais.

Enquanto o dólar tradicional no mercado cambial brasileiro para PMEs é carregado por spreads altos e IOF, as stablecoins oferecem um cenário diferente. A cotação de stablecoins como o USDT e o USDC nas corretoras de cripto no Brasil acompanha de perto a variação do dólar comercial (PTAX), mas com uma vantagem crucial: as taxas de negociação (os "spreads" das corretoras de cripto) são geralmente muito menores, na casa de 0,1% a 0,5% por transação.

Além da economia comercial e tributária, a velocidade da transação com stablecoins é um game-changer. Em vez de aguardar dias pela compensação bancária e a efetivação da transferência internacional (que pode levar D+0, D+1 ou mais), o pagamento com stablecoins é quase instantâneo.

Isso significa que o importador não precisa antecipar capital de giro com tantos dias de antecedência, podendo realizar a transação no efetivo vencimento da fatura (ou momento de envio da mercadoria). Esse ganho em eficiência do capital de giro é vital para PMEs, que operam com recursos mais limitados.

O Brasil, aliás, já demonstrou um crescimento notável na adoção de criptoativos, com importações atingindo US$ 18,2 bilhões em 2024, segundo dados do Banco Central. Essa familiaridade crescente com o universo cripto pavimenta o caminho para a aceitação e o uso de stablecoins em transações comerciais.

Globalmente, empresas de tecnologia e logística têm explorado o uso de stablecoins para pagamentos transfronteiriços, especialmente em mercados emergentes como o Brasil, onde a infraestrutura bancária internacional é mais lenta e cara.

O futuro do dinheiro é digital, e para o comércio exterior brasileiro, as stablecoins podem ser a ponte que conecta as PMEs a um mercado global mais eficiente, justo e com margens mais saudáveis. É hora de desatar os nós do spread bancário e da burocracia, permitindo que a inovação financeira impulsione o crescimento e a competitividade das nossas pequenas e médias empresas no cenário internacional.

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