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Câncer

Iniciativa de brasileiro para curar câncer infantil começa testes clínicos e vira referência global

The Medulloblastoma Initiative foi criado para salvar filho do empresário Fernando Goldsztein e mais 15 mil crianças todos os anos

Fernando Goldsztein: tratamento inovador individualizado ainda precisa de doações para seguir avançando (Fernando Goldsztein/Exame)
Fernando Goldsztein: tratamento inovador individualizado ainda precisa de doações para seguir avançando (Fernando Goldsztein/Exame)
Lucas Amorim

Lucas Amorim

Diretor de redação da Exame

Publicado em 22 de maio de 2025 às 14:01.

Última atualização em 23 de maio de 2025 às 11:05.

São dois pacientes que podem mudar o mundo. Ao menos, o mundo das 15 mil crianças que todos os anos recebem diagnóstico de meduloblastoma, um câncer cerebral fatal para 35% dos pacientes.

Este mês o The Medulloblastoma Initiative (MBI) recebeu a notícia que começaram os primeiros testes clínicos com dois pacientes. A expectativa é que até 18 crianças sejam selecionadas para um tratamento revolucionário que pode pavimentar o caminho para curar a doença dentro de um prazo esperado de até 18 meses.

O MBI é uma iniciativa do empresário gaúcho Fernando Goldsztein, conselheiro da incorporadora Cyrela.

Ele criou o projeto após receber a notícia que seu filho, então com 9 anos, foi diagnosticado com o meduloblastoma em 2015. Em 2019, o tumor voltou, derrubando a chance de cura para a casa dos 5%.

É para esse perfil de pacientes, os com reincidência do tumor, que Goldsztein e o MBI direcionaram seus esforços.

“A imensa maioria das iniciativas pela cura de doenças é feita como tributo a pessoas que morreram. O MBI foi criado para salvar meu filho e milhares de outras crianças", diz o empresário. "Por não ser um tributo, temos um senso de urgência diferente. Um ano ou dois fazem muita diferença”.

Entre a criação do MBI e o início dos testes com os primeiros pacientes se aram pouco mais de 4 anos, menos da metade do tempo usual para este tipo de pesquisa científica.

O tratamento inovador do MBI é uma imunoterapia, que visa fortalecer o sistema imunológico da criança para atacar especificamente o DNA do tumor. É personalizado para cada criança, partindo da coleta de dados do tumor e dos linfócitos.

Além de ampliar as chances de cura, o novo tratamento reduz os efeitos colaterais. Quando Goldsztein começou a pesquisar o meduloblastoma, descobriu que os protocolos de tratamento eram dos anos 1980. Mesmo as crianças curadas ficavam com problemas de crescimento e cognitivos.

O MBI mobiliza empresas e doadores privados de todo o mundo para encontrar a cura da doença. A parte clínica é coordenada pelo médico Roger Packer, do Children's National Hospital, de Washington. Ele é responsável por liderar um consórcio com 14 laboratórios nos Estados Unidos, Canadá e Europa que trocam informações para acelerar os avanços.

É uma mudança relevante num setor em que laboratórios frequentemente duplicam esforços enquanto protegem seus dados, retardando descobertas que poderiam salvar vidas. "No MBI, cada um tem uma peça do quebra-cabeça, com informações divididas. Este modelo de pesquisas é diferente do usual, e pode servir como um novo protocolo para a possível cura de outras doenças", diz Goldsztein.

Neste contexto, o começo dos testes do MBI pode ser um marco. “Estamos no limiar de uma nova era do tratamento do câncer cerebral infantil”, projeta o Dr. Roger Packer. “Em cinco anos, acredito que teremos terapias inovadoras e personalizadas que podem transformar um diagnóstico altamente devastador em uma condição mais tratável, com melhores taxas de sobrevivência e qualidade de vida.”

As duas crianças que já começaram seu tratamento, e mais milhares de crianças diagnosticadas com a mesma doença do Frederico, aguardam ansiosamente por esta nova era.

***Para doar para o The Medulloblastoma Initiative, e o site https://mbinitiative.org/pt/

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Lucas Amorim

Lucas Amorim

Diretor de redação da Exame

Jornalista formado pela Universidade Federal de Santa Catarina, começou a carreira no Diário Catarinense. Está na Exame desde 2008, onde começou como repórter de negócios. Já foi editor de negócios e coordenador do aplicativo da Exame.

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