Redação Exame
Publicado em 4 de junho de 2025 às 10h45.
Última atualização em 4 de junho de 2025 às 10h48.
A crise no Corinthians, que vem se desenrolando desde 2024, atingiu um novo patamar em 2025, envolvendo escândalos financeiros, disputas internas e manifestações de torcedores.
Tudo começou com o polêmico contrato de patrocínio firmado em dezembro de 2023 com a casa de apostas VaideBet, que previa o maior patrocínio máster da história do futebol brasileiro, com R$ 360 milhões em três anos.
No entanto, investigações da Polícia Civil apontaram irregularidades graves, incluindo suspeitas de lavagem de dinheiro, furto qualificado e associação criminosa, com indícios de que parte dos recursos teria sido desviada para contas vinculadas a facções criminosas.
O presidente do clube, Augusto Melo, foi o principal alvo das investigações e acabou indiciado pelos crimes relacionados ao caso VaideBet. O Conselho Deliberativo do Corinthians, após intensos debates e pedidos de impeachment, aprovou por ampla maioria o afastamento de Melo da presidência em maio de 2025, decisão que foi oficializada e resultou na assunção interina de Osmar Stábile.
A crise política interna se agravou com disputas pelo controle do Conselho Deliberativo, afastamento de Romeu Tuma Júnior por suposta parcialidade e tentativas de manobras para retorno de Melo ao comando do clube.
Além dos problemas istrativos, a crise atingiu o ambiente externo do Corinthians. Em junho de 2025, torcedores insatisfeitos com a situação política e a gestão do clube promoveram uma invasão à sede do Parque São Jorge, reivindicando mudanças no estatuto para ampliar o direito de voto dos sócios-torcedores nas eleições presidenciais, atualmente a um número reduzido de associados.
O caso VaideBet não só comprometeu a credibilidade do clube como também impactou diretamente sua gestão e planejamento esportivo, em meio a contratações importantes e disputas em competições nacionais e internacionais.
A instabilidade política e os desdobramentos judiciais continuam a gerar incertezas para o futuro do Corinthians, que vive um dos momentos mais turbulentos de sua história recente.
Em meio a esse cenário conturbado, na tarde do último dia 3, cerca de 200 membros das principais torcidas organizadas do Corinthians — incluindo Gaviões da Fiel, Camisa 12, Pavilhão Nove, Estopim da Fiel, Coringão Chopp e Fiel Macabra — invadiram a sede social do clube. Eles trancaram os portões com correntes e cadeados e estenderam faixas com frases como “Luto! Fechado por má istração”, em protesto contra a atual gestão e a crise política que afeta o clube há anos.
Os torcedores divulgaram uma nota oficial conjunta classificando a ação como um “protesto pacífico” e um “ato de resistência contra o sistema político que vem prejudicando o Corinthians”. Entre as principais reivindicações estão a ampliação do direito de voto para os sócios do programa Fiel Torcedor, mudanças imediatas no estatuto do clube e punição aos responsáveis pelas dívidas acumuladas nas gestões anteriores.
A invasão, que durou pouco mais de uma hora, contou com a presença da Polícia Militar, que acompanhou a ação para garantir a segurança e evitar confrontos. Após negociações, os torcedores deixaram a sede, mas deixaram claro que a manifestação marca o início de uma “revolução” para transformar a gestão do clube.