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Shaikha Al Nowais se torna primeira mulher a liderar ONU Turismo

Em entrevista exclusiva à EXAME, executiva dos Emirados Árabes falou sobre suas propostas de governança e destacou potencial do turismo regenerativo e da COP30 para colocar o Brasil como vitrine

Shaikha Al Nowais, nova secretária-geral de turismo da ONU: "O turismo global não pode continuar consumindo sem devolver" (Divulgação)

Shaikha Al Nowais, nova secretária-geral de turismo da ONU: "O turismo global não pode continuar consumindo sem devolver" (Divulgação)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 31 de maio de 2025 às 08h00.

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"O turismo global não pode continuar consumindo sem devolver. Vou implementar modelos que protejam os ecossistemas enquanto expandem as oportunidades", disse Shaikha Al Nowais em entrevista exclusiva à EXAME, após fazer história ao ser eleita na sexta-feira, 30, como a primeira mulher a liderar a ONU turismo em 50 anos -- desde a criação da organização.

Natural dos Emirados Árabes Unidos, ela assume o cargo de Secretária-Geral da Organização Mundial do Turismo das Nações Unidas de janeiro de 2026 a 2029, substituindo a atual gestão comandada pelo georgiano Zurab Pololikashvili.

Shaikha traz duas décadas de experiência no setor privado, onde construiu negócios de turismo sustentáveis. Atualmente vice-presidente corporativa de relações com proprietários da Rotana, uma das principais redes hoteleiras do Oriente Médio e África, ela liderou projetos de alto impacto focados em lucratividade e transparência.

Formada em Finanças pela Universidade Zayed, ela também preside o Grupo de Trabalho de Turismo da Câmara de Comércio de Abu Dhabi e atua nos conselhos do Conselho de Mulheres Empresárias.

Sua candidatura é simbólica não só pela representação feminina na organização internacional de alto nível, como pelo seu olhar pragmático de mudança do ecossistema global de turismo, se propondo a atuar pela regeneração, inclusão e adaptação frente aos desafios da crise climática. 

Sobre os desafios de liderar como mulher, Shaikha lembrou sua trajetória e disse que já colheu muitos frutos. "Podemos entregar os resultados e criar o impacto necessário."

A aprovação formal de sua nomeação será realizada numa Assembleia Geral em novembro, na Arábia Saudita. O processo eleitoral aconteceu na Espanha e foi presidido pelo ministro do Turismo do Brasil, Celso Sabino, com a participação de 35 países.

Turismo sustentável em ascensão

Um relatório da ONU publicado neste mês de maio aponta que 300 milhões de turistas viajaram internacionalmente nos primeiros três meses de 2025, 14 milhões a mais do que o mesmo período do ano anterior.

Com uma tendência de alta, os membros da organização lançaram áreas-chave para construir um setor mais inovador, resiliente e sustentável. 

“Nos últimos oito anos, adotamos uma visão transformadora e colocamos o turismo na vanguarda da agenda global para aumentar sua competitividade e valor econômico", destacou o atual secretário-geral Zurab Pololikashvili, em comunicado. 

Neste cenário, o turismo sustentável é uma necessidade alia conservação da natureza e das culturas locais com desenvolvimento, ao gerar benefícios econômicos e sociais para as regiões.

COP30 no Brasil é vitrine

No ano  em que a COP30 será sediada em Belém do Pará, o Brasil está no centro da estratégia da nova liderança de Shaikha.

"É fundamental explorar os potenciais da biodiversidade e trabalhar no que é mais atrativo para os turistas. É uma mensagem para o mundo sobre como o país se posiciona quando se trata de sustentabilidade.", disse a executiva.

O setor de turismo é uma das principais fortalezas da economia brasileira. Em 2024, o segmento movimentou R$ 207 bilhões e bateu um recorde histórico, segundo levantamento da FecomercioSP baseado em dados do IBGE.

Já quando se trata de sustentabilidade, 25,5 milhões de visitantes exploraram as Unidades de Conservação no ano ado. O destaque foram os parques nacionais, que receberam 12,5 milhões de pessoas.

O novo estudo anual da Booking reforça o cenário de alta: 83% dos turistas do país desejam que seus gastos em viagens sejam revertidos para beneficiar as comunidades locais nos destinos escolhidos. 

Para Shaikha, há uma transformação em curso. "Os turistas am a considerar atributos sustentáveis e estão mudando seu comportamento", destacou.

Para expandir a atuação no Brasil, a ONU Turismo também inaugurou este ano um escritório no Rio de Janeiro, que apoiará ações nas Américas.

Adaptação e o

Entre as ações que pretende colocar em prática, a nova secretária-geral da ONU turismo conta que planeja criar "incentivos, isenções fiscais e reduções para todos os desenvolvedores que integrem ou implementem práticas sustentáveis" - uma abordagem que usa política fiscal para acelerar mudanças em todo o setor.

Em relação à tecnologia, sua visão é democratiza-la cada vez mais.

"A infraestrutura deve ser feita para que uma iniciativa na Romênia ou Bósnia possa ar os mesmos recursos que uma empresa em Paris. O futuro não é sobre dispositivos tecnológicos, é sobre dar o", disse.

Segundo a executiva, a experiência da pandemia de Covid-19 em 2020 foi um marco no setor e mostrou que o mundo não estava preparado para lidar com os "desafios das incertezas". Por isso, ela aposta na adaptação para que possamos nos preparar para adversidades rumo a um turismo mais resiliente. 

Reforma estrutural sob a nova liderança

Shaikha pretende trabalhar em três pilares: sustentabilidade regenerativa que restaure ecossistemas e fortaleça comunidades locais; infraestrutura digital inclusiva que democratize tecnologias avançadas; e reforma da governança da organização para representação mais plural e interseccional.

A proposta também inclui uma abordagem descolonial, em defesa dos direitos de comunidades indígenas e lideranças locais.

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