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O que fez a Ford vender 200 unidades do Mustang em uma hora

Domínio da transmissão automática elevou câmbio manual status de caviar automotivo

Ford Mustang GT manual (Divulgação/Divulgação)

Ford Mustang GT manual (Divulgação/Divulgação)

Rodrigo Mora
Rodrigo Mora

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Publicado em 18 de maio de 2025 às 09h17.

O que era apenas um conjunto de engrenagens engatado numa alavanca para coordená-las se transformou em uma espécie de caviar automotivo cada vez mais apreciado. Chegava a ser quase um defeito ter câmbio manual; hoje é um pecado não o ter, a depender do carro.

Com o crescente domínio da transmissão automática até mesmo em modelos de entrada, o câmbio manual virou uma raridade. E por isso elevado ao patamar de selo de autenticidade: quem gosta de carro gosta de câmbio manual. Trocar de marchas virou um esporte, não mais uma necessidade.

Na Ferrari, estão cogitando resgatar a união dos três pedais apenas em modelos exclusivos. Vista em um carro de produção regular pela última vez na Califórnia, em 2012, a famosa alavanca correndo na grelha estaria reservada a exemplares da linha Icona, de onde saíram Monza SP1/SP2 e Daytona SP3, entre outros. Foi mais ou menos o que fez a Aston Martin com o Valour, acoplando um câmbio manual ao seu 5.2 V12 bi turbo em não mais do que 110 unidades. Na Porsche, o 911 T retornou na linha 2025 exclusivamente com câmbio manual.

Essa adoração não é recente. Toda década — sobretudo dos anos 1960 pra cá — tem seu time de carros icônicos com câmbio manual, como Porsche Carrera GT nos anos 2000, Ferrari F355 nos 90 e Audi Quattro nos 80, por exemplo. Hoje, quando um carro ganha transmissão manual é boa notícia; quando deixa de oferecê-la, é má notícia.

Quando se trata de clássicos, então...“Como acontece com muitos modelos recentes da Ferrari, o interesse no Lamborghini Gallardo depende fortemente da transmissão manual, que vale 50% a mais do que os modelos equipados com câmbio automático”, explica a Hagerty, seguradora norte-americana especializada em veículos antigos que anualmente publica sua Bull Market List, uma seleção de modelos com potencial de valorização no mercado de clássicos.

Tudo isso ajuda a explicar por que todas as 200 unidades do Ford Mustang GT manual reservadas para o mercado nacional foram vendidas em uma hora — mesmo custando R$ 600 mil. “Sabíamos que a expectativa em torno do Mustang manual era grande, por causa da exclusividade e de todo o legado que esse modelo representa. Mesmo assim a rapidez da venda surpreendeu, praticamente num ritmo de três carros por minuto”, diz Dennis Rossini, gerente de Marketing da Ford.

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