Ciência

Como esta serpente de duas cabeças sobreviveu de forma rara — e surpreendeu cientistas

Um filhote de cobra nascido com duas cabeças já sobreviveu mais de 200 dias em cativeiro, um feito raro entre gêmeos siameses da fauna

Cobra de duas cabeças (East Bay Vivarium/Reprodução)

Cobra de duas cabeças (East Bay Vivarium/Reprodução)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 19 de maio de 2025 às 08h20.

Última atualização em 20 de maio de 2025 às 09h28.

No East Bay Vivarium, em Berkeley, Califórnia, um nascimento raro atraiu a atenção de dois funcionários, há sete meses.

Ao abrir o equipamento, encontraram um filhote de California kingsnake (Lampropeltis californiae).

Ele tinha uma característica única: duas cabeças bem formadas. Cada cabeça se movia e agia de forma independente.

A espécie tem coloração branca com manchas negras e é não venenosa. Recentemente, surgiu um raro caso de gêmeos siameses.

Johnathan Emberton, o dono do vivário, disse que o réptil tem apenas um conjunto funcional de órgãos internos. Isso é essencial para sua longa sobrevivência. A segunda cabeça, embora ativa e responsiva, não se alimenta e não parece ter controle digestivo.

“Ela respira, olha ao redor, movimenta a língua e se irrita quando é tocada”, explicou Emberton ao Popsci.

Mas quem se alimenta de verdade é a cabeça dominante. “A outra demonstra um leve interesse, mas nunca tentou comer.”

Casos de animais com duas cabeças não são inéditos no vivário.

Nos últimos 35 anos, a equipe viu o nascimento de tartarugas, lagartos e cobras com essa anomalia.

Quase todos os espécimes morreram logo após o nascimento. Isso aconteceu principalmente por causa da competição entre órgãos duplicados ou falhas sistêmicas.

Um sobrevivente improvável

Este filhote de California kingsnake, diferente dos outros, parece ter se beneficiado de sua anatomia única. Com apenas um coração, um par de pulmões e um estômago, a chance de conflitos fisiológicos é reduzida.

“Se tivesse dois sistemas internos completos, provavelmente já estaria conservado em um frasco de álcool”, comenta Emberton.

Radiografias mostram onde as cabeças se fundem. Elas também indicam que o esôfago da segunda termina logo antes da junção corporal.

Mesmo com a condição rara, o animal come bem e troca de pele com facilidade, o que surpreendeu os cuidadores.

O animal foi batizado de Zeke e Angel, em homenagem aos funcionários que o encontraram.

O réptil agora vive sob observação. A equipe estuda agora qual será o destino de longo prazo do animal, que deve ser decidido após seu primeiro aniversário, previsto para os próximos meses.

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