Pesquisadores da Nasa utilizaram informações coletadas pela missão GRAIL para aprofundar o conhecimento sobre a estrutura interna da Lua, especialmente para entender por que as duas faces do satélite natural apresentam aspectos tão distintos.
Lado visível da Terra, conhecido como lado próximo, mostra características geológicas diferentes do lado afastado; saiba por que
Redação Exame Publicado em 15 de maio de 2025 às 10h49.Da Redação
O lado visível da Terra, conhecido como lado próximo, mostra características geológicas diferentes do lado afastado, e isso está ligado a diferenças no calor interno.
O estudo identificou que, durante a órbita elíptica da Lua, a face próxima à Terra sofre uma deformação causada pela gravidade terrestre maior do que a do lado oposto — fenômeno chamado deformação tidal. Essa variação sinaliza que o manto lunar, camada entre o núcleo e a crosta, apresenta temperatura mais elevada no lado próximo.
De acordo com Ryan Park, do Jet Propulsion Laboratory, em entrevista à Reuters, o manto do lado visível pode ser entre 100 e 200 graus Celsius mais quente do que o do lado oculto. Esse aquecimento é atribuído à concentração de elementos radioativos, como tório e titânio, acumulados em consequência do vulcanismo intenso que ocorreu há bilhões de anos.
Essas diferenças internas explicam o contraste no relevo lunar: a face próxima possui grandes planícies de basalto — chamadas mare — formadas pela solidificação da lava vulcânica, enquanto o lado afastado tem terreno acidentado e com poucas áreas planas.
Além de comprovar a assimetria térmica do manto, a pesquisa produziu o mapa gravitacional lunar mais detalhado já elaborado, essencial para o desenvolvimento de sistemas precisos de posicionamento e navegação para futuras missões na superfície da Lua.
Essa técnica de análise, baseada em dados gravitacionais, também poderá ser aplicada a outras luas do sistema solar, como Encélado, de Saturno, e Ganímedes, de Júpiter, ambas consideradas importantes para a pesquisa de sinais de vida extraterrestre.
Park ressaltou a importância da Lua para o planeta Terra, destacando sua função na estabilização da rotação terrestre e na geração das marés, que influenciam diversos processos naturais. Mesmo com os avanços recentes, o estudo mostra que ainda há muitos mistérios a serem desvendados sobre a história e a composição do satélite.
Os dados coletados pelos dois satélites GRAIL, que permaneceram em órbita lunar entre dezembro de 2011 e dezembro de 2012, permitiram criar uma representação mais precisa do campo gravitacional do satélite.
Isso é fundamental para o avanço de tecnologias de navegação, posicionamento e temporização lunar, que são indispensáveis para garantir a segurança e a eficácia das próximas expedições espaciais.
O aprimoramento do conhecimento sobre a gravidade da Lua é um o crucial para o planejamento de missões robóticas e tripuladas, possibilitando operações mais confiáveis e um melhor entendimento do ambiente lunar.
Além disso, a metodologia empregada pode ser usada para estudar outros corpos celestes, ampliando o conhecimento sobre a dinâmica interna de luas e planetas do sistema solar, além de auxiliar na busca por lugares que possam abrigar formas de vida fora da Terra.