Casual

Música com cheiro: a estratégia do Grupo Boticário para vender perfumes online

Através da música, O.U.i Paris traduz as s olfativas de quatro perfumes em trilhas sonoras

O Boticário: quatro perfumes foram transformados em músicas (Milan Markovic/Divulgação)

O Boticário: quatro perfumes foram transformados em músicas (Milan Markovic/Divulgação)

Júlia Storch
Júlia Storch

Repórter de Casual

Publicado em 4 de junho de 2025 às 14h32.

Última atualização em 4 de junho de 2025 às 17h18.

Tudo sobreBeleza
Saiba mais

A inteligência artificial é capaz de oferecer ferramentas que otimizam — e muito — a experiência dos consumidores online. No entanto, ainda que apresentar cheiros via telas não seja possível, o Grupo Boticário tenta aproximar essa experiência com o lançamento da coleção de perfumes Les Sons d’O.U.i. da marca O.U.i Paris. Através da música, a ferramenta traduz as s olfativas de quatro perfumes em quatro trilhas sonoras.

A iniciativa foi desenvolvida com o psicólogo experimental Charles Spence, referência internacional no estudo da percepção multissensorial. A ideia principal do projeto é que o cérebro integra estímulos sensoriais para construir experiências complexas. “O cérebro não interpreta os sentidos de forma isolada, ele integra estímulos visuais, sonoros, táteis e olfativos para criar uma experiência coerente e significativa”, explica Spence. “Sabemos que sons podem mudar a forma como percebemos aromas. Notas cítricas, por exemplo, tendem a parecer mais frescas quando acompanhadas por tons agudos e leves. Já os tons graves e ressonantes intensificam a sensação de calor, profundidade e densidade das opções mais intensas. Como ambos os sentidos estão ligados ao sistema límbico, é comum que aromas e sons despertem memórias e sensações semelhantes.”

Para o diretor de Pesquisa & Desenvolvimento do Grupo Boticário, Gus Dieamant, o desafio de levar a experiência olfativa para o ambiente digital motivou o desenvolvimento do projeto. “Em 2023, destinamos R$ 1,2 bilhão a iniciativas que envolvem produtos digitais, pesquisa e desenvolvimento e construção de marcas. Nosso compromisso é criar soluções que entreguem valor real ao consumidor, e este projeto nasceu da necessidade de reinventar a forma como os aromas são experienciados, especialmente em um cenário em que o e-commerce já está presente em cerca de 14 milhões de lares brasileiros”, diz.

Dieamant destaca a complexidade do desafio. “Em maquiagem e cremes, já temos metodologias para reconhecimento e personalização, mas em perfumaria, como fazer um indivíduo sentir cheiro pelo computador? Estamos distantes disso. Há bastante tempo, tentamos criar uma experiência que se aproxime da sensação real que o consumidor tem ao tocar numa embalagem e observar o produto.”

As músicas e a experiência sensorial

O desenvolvimento das trilhas sonoras envolveu um estudo detalhado sobre a relação entre música e fragrância. “Eu não sou músico, mas estudamos o quanto a criação de uma música é semelhante à criação de uma fragrância. Ambas são combinações de notas que formam acordes e composições. Fragrância é exatamente assim”, explica Gus Dieamant.

Para criar as trilhas de Les Sons d’O.U.i, a equipe avaliou as notas base, médias e altas das fragrâncias, além das associações semânticas da marca. Por exemplo, no perfume Scapin 245, foram usados tons agudos inspirados em ingredientes como bergamota, jasmim e gardênia, e um acordeão para remeter a Paris.

“O processo inclui testes para assegurar que as pessoas associem corretamente o som à fragrância. Queremos que elas gostem da música e que a evolução sonora coincida com a percepção do perfume, criando uma experiência sincronizada”, diz Spence.

Personalização da perfumaria digital

O projeto também se conecta com a busca por personalização no Grupo Boticário. “Temos desde formas simples, que chamamos de comunidade, até workshops onde o cliente cria seu próprio perfume”, diz Gus.

Por enquanto, a experiência auditiva e olfativa está disponível para quatro perfumes: Madeleine 862, Scapin 245, L’Amour-Esse 142 e Iconique 001. “A ideia é levar essa inovação para outras marcas do grupo e ampliar o uso da tecnologia”, diz Gus.

Spence prevê avanços na perfumaria sensorial. “As próximas fronteiras incluem fragrâncias que respondem ao estado emocional, experiências com realidade aumentada e produtos baseados em dados biométricos, sempre considerando sustentabilidade e personalização”.

Ainda não é possível prever se os perfumes estarão disponíveis para serem testados via telas no futuro, mas Spence espera que a IA consiga criar músicas tão agradáveis quanto os melhores artistas humanos. “Espero que o futuro envolva co-criação musical entre criadores e consumidores, liberando muita criatividade”.

yt thumbnail
Acompanhe tudo sobre:MúsicaPerfumesBoticárioBeleza

Mais de Casual

Britney Spears vira coleção da Balenciaga com peças a partir de R$ 4 mil

Catarina Aviation Show dobra de tamanho com o crescimento da aviação executiva no Brasil

Conheça a tenista sa chamada de 'fedida' que virou a sensação de Roland Garros

Os 50 carros mais vendidos no Brasil no mês de maio de 2025