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Descontos de até 50% marcam novo cenário das marcas de luxo na China

Com a economia chinesa desacelerando, marcas como Versace e Burberry oferecem grandes descontos para atrair consumidores e lidar com excesso de estoque.

Mercado de luxo chinês dobrou de tamanho entre 2019 e 2021, mas sofre com desaceleração da economia chinesa. (SOPA Images/Getty Images)

Mercado de luxo chinês dobrou de tamanho entre 2019 e 2021, mas sofre com desaceleração da economia chinesa. (SOPA Images/Getty Images)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 16 de julho de 2024 às 10h15.

O mercado de luxo na China enfrenta uma nova realidade à medida que a economia desacelera e os consumidores da classe média diminuem seus gastos. Grandes marcas como Versace e Burberry estão oferecendo descontos que chegam a 50% para atrair consumidores e equilibrar seus estoques. Esse movimento reflete uma tentativa de contornar o excesso de produtos que não foram vendidos em meio à queda na demanda. As informações são do Financial Times.

Durante a pandemia, houve um aumento nas vendas de produtos de luxo na China, impulsionado pelo consumo interno. No entanto, com a economia em declínio, essas marcas recorreram a plataformas de comércio eletrônico para vender seus produtos com preços reduzidos. Exemplos disso são os descontos oferecidos pela Marc Jacobs e os planos de pagamento sem juros da Bottega Veneta, que visam manter o interesse dos consumidores em um cenário econômico desafiador.

No início de julho, Marc Jacobs oferecia descontos superiores a 50% em bolsas, roupas e sapatos no Tmall Luxury Pavilion, plataforma de comércio eletrônico da Alibaba, enquanto Bottega Veneta oferecia um empréstimo sem juros de 24 meses para compra de bolsas no mesmo site.

Anteriormente, o mercado de luxo na China beneficiava a todos, mas agora há uma polarização entre vencedores e perdedores. O desafio é maior para as marcas que estão no meio, pois não são suficientemente baratas nem grandes o suficiente para sobreviver.

Os descontos médios em produtos da Versace e Burberry na China através de todos os canais de distribuição chegaram a 50% ou mais em 2024, comparados a 30% e 40% em 2023, respectivamente.

Gastos chineses diminuindo

A Burberry alertou em sua atualização do primeiro trimestre que os lucros anuais ficariam aquém das expectativas, com as vendas comparáveis nas lojas da China caindo 21%. Os gastos dos consumidores chineses no exterior também diminuíram, mas se mantiveram melhores do que na China continental.

Marcas de topo como Louis Vuitton, Hermès e Chanel, que atendem a consumidores de maior poder aquisitivo, mantiveram um controle mais rígido sobre a distribuição e evitaram descontos.

O mercado de luxo doméstico na China dobrou de tamanho entre 2019 e 2021, segundo a consultoria Bain, pois as restrições de viagem durante a pandemia forçaram os consumidores a comprar localmente. As empresas estocaram produtos para atender à demanda crescente e se apressaram para expandir sua presença no mercado, juntando-se a grupos locais de comércio eletrônico como Tmall e JD.com.

O boom do luxo chinês começou a diminuir em 2022, quando o governo impôs lockdowns em cidades como Xangai, Pequim e Guangzhou. Após o relaxamento das restrições no final do ano, a recuperação do mercado foi moderada pelo crescimento econômico mais lento, crise imobiliária, aumento do desemprego juvenil e baixa confiança do consumidor.

O ritmo econômico da China desacelerou no segundo trimestre, não alcançando as previsões. O Produto Interno Bruto cresceu 4,7% ano a ano no segundo trimestre, conforme dados oficiais.

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