Ranking CWUR 2025: queda de universidades brasileiras revela desafios na pesquisa e financiamento (USP/Reprodução)
Agência de notícias
Publicado em 2 de junho de 2025 às 06h59.
Dados de um ranking global de qualidade do ensino superior mostram que 87% das universidades brasileiras perderam posição na lista que elenca as melhores do planeta. O principal fator para a queda foi o desempenho em pesquisa, que tem o maior peso na avaliação, considerando uma intensificação da competição global de instituições bem financiadas. O levantamento realizado pelo Center for World University Rankings (CWUR) incluiu 53 instituições de ensino superior brasileiras entre as 2.000 mil melhores do mundo. Dessas, sete apresentaram melhorias em relação ao ano ado e registraram 46 piora.
— Com 53 universidades brasileiras no ranking, o Brasil está bem representado entre as melhores universidades do mundo. No entanto, o que é alarmante é a queda das instituições acadêmicas do país devido ao enfraquecimento do desempenho da pesquisa e ao limitado apoio financeiro do governo — afirmou Nadim Mahassen, presidente do Center for World University Rankings.
De acordo com ele, enquanto vários países colocam o desenvolvimento da educação e da ciência em alta em suas agendas, o Brasil luta para acompanhar o ritmo.
— Sem um financiamento e um planejamento estratégico mais robustos, o Brasil corre o risco de ficar ainda mais para trás no cenário acadêmico global em rápida evolução — defende Mahassen.
A lista brasileira segue liderada pela Universidade de São Paulo (USP). No entanto, ela caiu uma posição e atingiu o 118º lugar, com declínios na qualidade do ensino, empregabilidade, qualidade do corpo docente e indicadores de pesquisa.
A Universidade Federal do Rio de Janeiro subiu para a 331ª posição, enquanto a Universidade Estadual de Campinas subiu para a 369ª posição – à frente da Universidade Estadual Paulista (UESP), na 454ª posição, e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, na 476ª posição.
A CWUR analisou 74 milhões de dados baseados em resultados para classificar universidades de todo o mundo de acordo com quatro fatores: qualidade da educação (25%), empregabilidade (25%), qualidade do corpo docente (10%) e pesquisa (40%). Este ano, 21.462 universidades foram classificadas, e as que ficaram no topo integraram a lista Global 2.000 – que inclui instituições de 94 países.
Harvard lidera a lista, enquanto instituições americanas caem em meio a cortes no financiamento federal e disputas sobre liberdade acadêmica e de expressão. Além disso, o número de universidades chinesas entre o top 2.000 ultraou pela primeira o dos EUA.
— Embora os Estados Unidos ainda ostentem as melhores universidades do mundo, o declínio da grande maioria de suas instituições de ensino superior deve ser motivo de preocupação para a Secretária de Educação dos EUA, Linda McMahon, e para o governo Trump em geral — diz Mahassen.
De acordo com ele, as universidades chinesas estão colhendo os frutos de anos de "generoso apoio financeiro de seu governo".
— Com os Estados Unidos superados pela China como o país com mais representantes no ranking, sua reputação no setor global de ensino superior está seriamente ameaçada — diz.
Mahassen também afirma que o declínio acentuado das universidades americanas é paralelo ao das instituições do Japão, França e Alemanha, enquanto as universidades do Reino Unido e da Rússia tiveram um desempenho apenas ligeiramente melhor.
— Com a extraordinária ascensão das instituições chinesas, as universidades do mundo ocidental não podem se dar ao luxo de ficar paradas e se acomodarem — avaliou.
Veja as brasileiras que entraram na lista - [posição em 2025] e [posição em 2024]:
O CWUR utiliza sete indicadores, agrupados em quatro áreas para classificar as universidades do mundo: