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Maioria do mercado financeiro vê risco de recessão no Brasil em 2025, diz pesquisa Genial/Quaest

O levantamento diz que 58% dos gestores, economistas e analistas ouvidos apontam para um risco de recessão neste ano

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 19 de março de 2025 às 07h00.

Última atualização em 19 de março de 2025 às 07h03.

A maioria do mercado financeiro vê que o Brasil corre o risco de entrar em uma recessão em 2025, segundo dados da pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira, 19.

O levantamento aponta que 58% dos gestores, economistas e analistas ouvidos acreditam no risco de recessão neste ano, enquanto os outros 42% não veem esse risco.

Recessão é uma desaceleração significativa da economia, medida pela queda do Produto Interno Bruto (PIB) por dois trimestres consecutivos. Esse cenário leva a uma redução na produção, aumento do desemprego e queda nos investimentos.

A metade dos entrevistados, 51%, estima que o PIB fechará 2025 com crescimento entre 1,51% e 2%, após uma alta de 3,4% em 2024. Outros 32% acreditam que o PIB será superior a 2%, e 17% afirmam que o crescimento será entre 1% e 1,5%.

A pesquisa revela ainda que 82% dos entrevistados preveem que a inflação vai terminar o ano maior do que em 2024.

Para 90%, a redução das tarifas de importação não vai baixar os preços dos alimentos, enquanto 8% acreditam na eficácia da medida.

As projeções do mercado para 2025 indicam uma inflação acumulada de 6,01%, uma taxa Selic de 14,73% e o dólar a R$ 5,96. A taxa básica de juros deverá subir 1 ponto percentual na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) realizada nesta quarta-feira.

Outro fator que alimenta o pessimismo é a avaliação de 66% dos entrevistados de que o governo de Donald Trump terá um impacto negativo na economia brasileira.

Em contrapartida, 20% acreditam que não haverá efeito local, e 9% esperam um impacto positivo. Mesmo assim, 78% são da opinião de que as tarifas impostas por Trump terão um impacto pequeno sobre a economia.

Alta da reprovação do trabalho de Haddad

A avaliação negativa do trabalho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) permanece elevada entre os atores do mercado financeiro. Apesar de uma oscilação negativa de dois pontos percentuais, 88% reprovam o trabalho de Lula, contra 90% em dezembro.

Pesam nessa visão negativa a avaliação de que a reforma ministerial não resolverá o problema de governabilidade (opinião de 98%) e de que o governo tem baixa capacidade de aprovar sua agenda no Congresso Nacional (58%).

Para 90%, a indicação de Gleisi Hoffmann como ministra da Secretaria de Relações Institucionais foi um erro. Para 89%, o objetivo do governo com a reforma é defender sua base, contra 10% que veem intenção de ampliá-la.

A pesquisa mostra ainda um salto de34 pontos percentuais na reprovação do trabalho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Hoje, 58% do mercado avalia de forma negativa o trabalho do ministro, contra 24% da pesquisa anterior. Essa é a primeira vez que a avaliação negativa supera a positiva desde maio de 2023. A avaliação positiva do ministro caiu de 41% para 10% no período.

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, é avaliado positivamente por 45% e tem sua gestão considerada regular por 41%. Apenas 8% o avaliam negativamente. A gestão de Galípolo corresponde às expectativas de 49% dos ouvidos e está melhor que o esperado para 20%, enquanto 28% consideram cedo para avaliar.

Eleições 2026

A pesquisa também abordou a eleição presidencial de 2026 e revelou a continuidade da queda nas expectativas sobre uma possível candidatura à reeleição do presidente Lula. Em março de 2024, 86% dos entrevistados acreditavam nessa possibilidade; em dezembro, esse percentual caiu para 70%, e, nesta nova rodada, ficou em 60%. Há um ano, 53% apontavam Lula como favorito, enquanto 47% acreditavam em sua derrota. Agora, 66% consideram que o presidente sairia derrotado, enquanto apenas 27% apostam na reeleição.

Caso Lula não se candidate, 57% dos entrevistados indicam o ministro Fernando Haddad como o provável nome da esquerda.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, é apontado por 93% dos entrevistados como o nome com maiores chances de vencer a esquerda nas próximas eleições. Em segundo lugar aparece Eduardo Bolsonaro, com 3%.

A pesquisa Genial/Quaest foi realizada entre os dias 12 e 17 de março. Foram feitas entrevistas on-line, por meio de questionários estruturados, com 106 fundos de investimentos sediados em São Paulo e no Rio de Janeiro.

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