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Brasil aposta em experiências 'reais e com alma' para atrair visitantes estrangeiros

País deverá receber recorde de visitantes em 2025, prevê a Embratur

A escritora Conceição Evaristo, durante o evento Visit Brasil Summit, no Rio de Janeiro (Antonio Lacerda/EFE)

A escritora Conceição Evaristo, durante o evento Visit Brasil Summit, no Rio de Janeiro (Antonio Lacerda/EFE)

EFE
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Agência de Notícias

Publicado em 21 de maio de 2025 às 15h46.

A maior atração turística do Brasil é a sua diversidade, que se manifesta não apenas em suas paisagens naturais e cultura, mas também no dia-a-dia das favelas e no rico legado preservado pelas comunidades indígenas ancestrais.Esses importantes diferenciais conquistam cada vez mais visitantes estrangeiros que desejam viver experiências “reais e com alma”, e contribui para melhorar as condições de vida das populações locais.

Segundo projeções da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), o país receberá este ano mais de 8 milhões de turistas estrangeiros, um número recorde que superará a meta originalmente estabelecida para 2027.

A agência teve que revisar suas metas após constatar que, somente entre janeiro e abril de 2025, entraram no país 4,4 milhões de turistas — um recorde para o período e um número 51% superior ao do mesmo período do ano ado.

Nesse sentido, o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, afirmou que para continuar fomentando o fluxo de visitantes é fundamental ressaltar os atributos presentes no cotidiano dos brasileiros.

“Não queremos vender um país imaginário. Queremos oferecer um país real”, argumentou.

Desigualdade e turismo

No Rio de Janeiro, por exemplo, as favelas abriram suas portas ao turismo em 1991, o que “ajudou a acabar com preconceitos que associavam as comunidades pobres à violência”, segundo explicou a escritora e acadêmica Conceição Evaristo, durante o fórum Visit Brasil Summit, na capital carioca.

Evaristo, uma referência nacional na luta contra o racismo, destacou também a importância do turismo em favelas e em outros destinos que expõem a desigualdade brasileira.

Segundo ela, o turismo tem servido para mostrar que, embora o Brasil “viva em conflito e sofra com o racismo estrutural, quer superar esses problemas e precisa de oportunidades para isso”.

A Central Única das Favelas (CUFA) estima que já existem em torno de 300 agências de viagens nessas comunidades, onde vivem cerca de 16 milhões de brasileiros.

“Temos cerca de 300 agências de viagens nas favelas e elas não apenas recebem turistas, mas também oferecem opções ao morador da favela que gosta de viajar e conhecer outros lugares”, detalhou o presidente da CUFA, Marcus Vinicius Athayde.

Guardiões da floresta

Outra faceta do “Brasil real”, e menos conhecida, é representada pelas mais de 300 povos indígenas do país, que preservam idiomas, rituais, práticas medicinais e saberes ancestrais, que estão se tornando mais íveis devido à abertura destas comunidades ao turismo, que mostrar aos visitantes uma visão de mundo única e como protegem a floresta.

A empreendedora e guardiã da floresta Adriane Lanawa, que oferece aos turistas uma imersão em uma aldeia indígena próxima a Manaus.

O projeto de etnoturismo em Novo Airão atrai cerca de 20 turistas por dia, a maioria brasileiros, que vivem uma experiência que também beneficia as comunidades locais.

“É importante que as pessoas no exterior saibam onde estamos e que estamos dispostos a compartilhar nossa história”, acrescentou Lanawa em entrevista à agência EFE.

O trabalho dos indígenas e sua contribuição para o desenvolvimento sustentável, assim como a vida nas favelas, são dois dos pilares do novo Plano de Promoção Turística Internacional do Brasil, que destaca a enorme diversidade social e cultural do país.

“Não há nenhum país no mundo que ofereça tantas opções quanto o Brasil”, afirmou Duda Magalhães, presidente da empresa de promoção de eventos Dream Factory e uma dos responsáveis pelo plano.

Essa estratégia deixa para trás campanhas que promoviam o Brasil como destino de “praias, samba e carnaval” e busca aumentar a competitividade global do país explorando nichos como turismo de natureza, cultural, social, gastronômico, étnico e de aventura, de acordo com Magalhães.

O objetivo é atrair ao Brasil pessoas interessadas em uma imersão em culturas ancestrais, em participar de projetos socioambientais e em se conectar com iniciativas que valorizam o empreendedorismo local.

O Brasil recebeu no ano ado 6,8 milhões de turistas estrangeiros, que geraram US$ 7,3 bilhões.

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