Copa-Cogeca anunciou também 'ação relâmpago' em Bruxelas, coincidindo com uma reunião dos ministros da Agricultura e da Pesca da UE
Agência de Notícias Publicado em 6 de dezembro de 2024 às 16h00. Última atualização em 6 de dezembro de 2024 às 16h06.
O Comité das Organizações e Cooperativas Agrícolas Europeias (Copa-Cogeca) lamentou nesta sexta-feira o anúncio do acordo comercial entre União Europeia e Mercosul , alegando que terá “profundas consequências para a agricultura familiar em toda a Europa”, e anunciou protestos em Bruxelas na segunda-feira.
“Os receios da comunidade agrícola se concretizaram”, afirmou o Copa-Cogeca em comunicado. A entidade advertiu que, se os Estados-membros da UE e o Parlamento Europeu aceitarem o acordo, o impacto será sentido também por 450 milhões de consumidores que vivem no bloco europeu.
O Copa-Cogeca anunciou também “uma ação relâmpago em Bruxelas na segunda-feira”, coincidindo com uma reunião dos ministros da Agricultura e da Pesca da UE.
As cooperativas de produtores lembraram sua “forte oposição durante anos” a um acordo que descrevem como “obsoleto e problemático”.
“Embora reconheçamos a necessidade de a UE aprofundar as relações comerciais no atual contexto geopolítico, isso não deve ser feito a qualquer preço”, diz o texto.
Neste contexto, a entidade alegou que o setor agrícola da UE “continua a ser particularmente vulnerável às concessões feitas no desequilibrado capítulo agrícola” desse acordo.
Entre os setores sensíveis, a entidade menciona carne bovina, açúcar, etanol e arroz, que enfrentarão, segundo ela, “riscos acrescidos de saturação do mercado e de perda de receitas devido ao afluxo de produtos de baixo custo provenientes dos países do Mercosul ”.
Ainda segundo o Copa-Cogeca, o acordo “exacerbará a pressão econômica em muitas atividades agrícolas que já enfrentam preços elevados dos fatores de produção e condições meteorológicas difíceis”.
As cooperativas agrícolas também denunciaram que os países do Mercosul “operam com normas laborais e de segurança menos exigentes, o que lhes permite produzir a custos mais baixos, impossibilitando uma concorrência leal para os produtores da UE”.
Elas também criticaram a “falta de coerência na atuação da Comissão Europeia” que, na legislatura anterior, “multiplicou as restrições e regulamentações para os nossos produtores” e agora, “no início do seu segundo mandato, deu prioridade a este acordo desleal”.
Para o Copa-Cogeca, o protocolo adicional sobre sustentabilidade enviado aos países do Mercosul em março de 2023 para dar resposta às preocupações europeias “não correspondeu às expectativas”, e a resposta do Mercosul em setembro de 2023 “demonstrou claramente uma falta de ambição e empenho em respeitar até mesmo as convenções internacionais básicas e as medidas de sustentabilidade vinculativas”.
O presidente do Copa-Cogeca, Massimiliano Giansanti, afirmou que, com a medida adotada hoje, “a Comissão enviou uma mensagem muito preocupante a milhões de agricultores em toda a Europa”, algo que considera ainda mais preocupante no “diálogo recentemente reaberto entre os agricultores e as instituições europeias”.
“Os Estados-membros e os deputados ao Parlamento Europeu devem agora questionar firmemente os termos deste acordo e trabalhar para encontrar uma solução que garanta uma abordagem justa e equilibrada para proteger o modelo agrícola da UE”, acrescentou.
Por sua parte, a Coordenação Europeia Via Campesina (pequenos e médios agricultores), condenou a decisão da Comissão Europeia e dos dirigentes do Mercosul de concluir as negociações, e garantiu que os camponeses continuarão a mobilizar-se contra o acordo comercial "e, de uma forma ou de outra, vão acabar com ele".
Em comunicado, o grupo salientou ainda que o pacto entre a UE e o Mercosul “contradiz totalmente os compromissos de todos os governos nacionais destes blocos na luta contra a mudança climática”.
"Agora vamos observar atentamente o que farão realmente os governos e grupos políticos que durante a histórica mobilização dos agricultores no início deste ano afirmaram estar próximos dos agricultores. Eles têm de se posicionar contra o tratado e essa forma antidemocrática de negociar acordos comerciais", criticou Andoni García, da Coordenação Europeia Via Campesina.
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